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Cresce demanda pelo Simental para a pecuária leiteira

 

Fonte: Jornal O presente Rural, p. 34/35 – Ago/Set - 2020
 
Com mais de cem anos de seleção no Brasil e a segunda maior raça no mundo, a raça Simental é reconhecida pelos benefícios para a qualidade de carne e ganho de carcaça no cruzamento industrial, porém, cresce também no Brasil o interesse por animais leiteiros, provenientes de famílias com produção comprovada.
 
Isso é possível, pois em sua origem, o Simental é reconhecido por sua dupla-aptidão, sendo que por sua facilidade de adaptação, atendeu a diferentes objetivos de seleção sendo alguns mais focados nas qualidades leiteiras e outros na carne.
 
No Brasil, o interesse pelo leite, cresce devido às qualidades apresentadas pelos animais que na maioria são de origem europeia. Seja pelo gado puro, de linhagem leiteira, ou pelo cruzamento com o Holandês, formando o Simlandês.
 
No velho continente, principalmente, em países como Alemanha e França, o cruzamento é muito comum, com matrizes que superam os 7.000 quilos na primeira cria, mantendo persistência produtiva com lactações com mais de 300 dias. Na prática, significa que o produtor tem uma alta produção, porém, com um animal mais adaptado ao seu sistema de criação, por ter menos exigências. “Entre tantas características, isso se deve ao choque de sangue entre raças, a famosa heterose, que soma a rusticidade da raça Simental com a produtividade da Holandesa”, explica o Presidente da Associação Brasileira de Criadores das Raças Simental e Simbrasil (ABCRSS), Alan Fraga que reconhece um crescimento da demanda.
 
Experiência de quem cria –  O Simental está distribuído por todo o Pais, porém, há maior concentração da aptidão leiteira no sul e sudeste. Exemplo é a Simental PPA que trabalha a seleção há mais de 20 anos, em Ponta Grossa, PR. “A raça tem essa vantagem de ser boa de leite e boa de carne, que nos atraiu há muitos anos e hoje podemos mostrar os bons resultados”, explica Roberto Abreu de Aguiar. “A intensificação das áreas rurais na direção da lavoura, levam à otimização também da produção pecuária da fazenda com mais sustentabilidade”, diz ele. Dentre as características que o atraem para a raça e são diretrizes da fazenda está a vitalidade, fertilidade, longevidade e rentabilidade. “O Simental tem excelente habilidade materna: mais de 95% dos partos não são assistidos”, explica.
 
Atualmente, localizada em uma das maiores bacias leiteiras do País, a Simental PPA, faz também cruzamentos. “Graças aos progressos de desenvolvimento genético, o Simental atinge números de produção comparáveis às raças especializadas no leite, enquanto se nota um limite claro em melhor saúde de úbere, mais velocidade de ordenha, células somáticas e contagem de sólidos”, explica e ressalta a longevidade com vacas de mais de dez anos em produção. Com foco na dupla aptidão, o rebanho geneticamente apurado mereceu este ano investimento em uma nova estrutura para a ordenha e segue sua seleção com base em genética Alemã e Austríaca.
 
A empresa ainda faz o aproveitamento dos machos, Simental ou cruzados para a venda de carne, com ganho que pode ser superior a 2 quilos/dia. “Em um mundo onde a sociedade questiona sobre o aproveitamento dos machos nas raças leiteiras, no Simental aproveitamos e com isso a raça pratica sustentabilidade todos os dias”, reconhece Aguiar.
 
No interior de São Paulo, a Fazenda JR, de Rogério Sawaia destaca-se na seleção do Simlandês, animal cruzado Simental com Holandês. Com 50 animais em produção, tem uma média de 25 kg/dia, em Compost Barn, chegando a picos de lactação de 50 kg/dia com vacas Simental puras e cruzadas Holandês. Em expansão, após implantação de 150 embriões, espera atingir os 5.000 litros dia. “Acreditamos muito no Simental por seu potencial produtivo”, diz o pecuarista com base em dados de sua gestão.
 
Na Fazenda JR, ele faz o aproveitamento de machos com um pequeno confinamento para abate precoce de bezerros com 16@. “O macho é uma renda extra e importante para a propriedade”, afirma com a expectativa de lucro de R$ 700 por animal. Além disso, investe em controle de carrapatos com homeopatia como também usa touros e matrizes comprovadamente A2A2, ou seja, com genética para a produção de leite muito procurado.  “Temos que estar preparados para nichos de mercado”, afirma o criador quem tem o rebanho de matrizes genotipadas.
 
Também no Simlandês um dos rebanhos mais antigos é de Alberto Los, da Fazenda Bela Vista, orgulha-se da escolha de cruzamento feita há dez anos. Em Carambeí, PR, em meio a uma tradicional bacia leiteira, foi vanguardista e optou por inseminar seu rebanho Holandês com Simental para uma produção mais sustentável. “Temos economia de 80% em uso de antibióticos, além de melhora na fertilidade”, explica. Com mais de cem matrizes em lactação, o criador ressalta o aumento dos sólidos no leite. Para ele a raça tem muito a contribuir em regiões com menor uso de tecnologia e que demandam uma produção menos intensiva por não ser um gado muito exigente.
 
BOX SIMENTAL:
O Simental é uma raça taurina, cujo berço é a suíça, mas que rapidamente se espalhou por todo o mundo, com rebanhos na Alemanha, África, Áustria, Canadá, França, Itália, Estados Unidos e também com uma criação sólida, desde a década de 60, no Brasil, capitaneada pela família Fraga. No Brasil, segundo a associação, estima-se que existam cerca de 800 mil animais com sangue Simental e o rebanho registrado Simental e Simbrasil chega a 440 mil cabeças, cujos principais polos são São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e Goiás.  A entidade é responsável também pelo controle de dados do Simlandês. Em uma nova fase, a entidade intensifica sua divulgação nas redes sociais (@simental_simbasil) para quem busca mais conteúdo sobre as raças.
 
BOX LEITE
Os benefícios para o leite são:
- Maior produção de sólidos totais no leite
- Persistência de lactação
- Qualidade do úbere para qualquer sistema de produção
- Sanidade de úbere, com baixo CCS.
- Vacas sadias e longevas, com mais tempo em produção
- Adaptação a qualquer condição de manejo
- Não necessita do bezerro para a produção
- Aproveitamento do macho e da fêmea descarte no corte
 
Formas de obter o Simlandês
Caminho 1
Simental x Holandês = ½ Simental
½ Simental x Holandês = ¼ Simental
 ¼ Simental x Simental = 5/8 Simental
5/8 Simental x 5/8 Simental = Simlandês
Caminho 2
Simental x Holandês = ½ Simental
½ Simental x Simental = 3/4 Simental
3/4 Simental x ½ Simental = 5/8 Simental
5/8 Simental x 5/8 Simental = Simlandês
 
http://www.flip3d.com.br/pub/opresenterural/?numero=188&edicao=4993#page/35

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