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Produzir muito leite com Simental e cruzamentos

 

 

Sistema aloja as vacas sobre espessa camada de cepilho, dentro de barracões

cobertos e arejados

 

Chegar em 2015 produzindo 30 mil litros de leite por dia é a meta da Santa Andrea. Para isso, aposta em vacas Simental e nos cruzamentos com Holandês e Jersey, além de técnicas inovadoras de manejo

 

O Grupo Orsa, proprietário da Fazenda Santa Andrea, investe firme na produção leiteira, apostando em técnicas inovadoras de manejo, instalações e principalmente no desempenho da raça Simental e na heterose de seus cruzamentos. Até 2015, a produção deverá passar de 6 mil para 30 mil litros por dia.

Em 2008, quando o Grupo Orsa, um dos maiores produtores brasileiros de madeira, celulose, papel e embalagens, comprou de porteira fechada as três fazendas da Santa Andrea Agropecuária, em Itararé-SP, o tradicional rebanho Simental estava fadado a ir para o abate, perdendo-se quase 37 anos de seleção de dupla aptidão.

“Na realidade, estava em jogo um verdadeiro patrimônio genético nacional”, lembra o médico veterinário Luis Fernando Laranja, referência de conhecimento em pecuária leiteira, diretor do Grupo Orsa e responsável pelo projeto. Explica que a genética do Simental da Santa Andrea foi importada da Alemanha e da Áustria por seus dois primeiros proprietários.

O primeiro, o cirurgião dentista alemão Herman Wolfang Wolfhater, desbravou as terras na década de 60 e implantou nela um eficiente sistema de produção de cereais, madeira e pecuária. Para a formação do rebanho bovino, mandou para o Brasil animais da raça Simental. Em 1972, vieram 14 animais da Alemanha e, em 1977, mais 60 matrizes e reprodutores da Áustria.

Na década de 80, a empresa foi vendida para o empresário Stefan Sthörghuber, dono de cervejarias, hotéis e construtora em Munique. Em 1991 e 1992, ele trouxe novos animais da Alemanha para injetar sangue novo e genética mais eficiente no plantel.

Durante essas quatro décadas de seleção, a Santa Andrea manteve a dupla aptidão da raça, ao mesmo tempo em que produzia leite comercialmente e utilizava os touros para cruzamento industrial com zebu produzindo carne. Sempre participando de exposições e leilões, contribuiu para difundir o Simental no Brasil e formar muitos dos rebanhos criados por aqui.

Laranja e Gemignani respondem pelas ações na fazenda

Mas em princípio, isso pouco importava ao Grupo Orsa, já que o objetivo principal da compra da Santa Andrea era incorporar os 6.300 ha distribuídos nas três fazendas da empresa aos plantios de pinus e eucaliptos para a produção da matéria-prima do grupo que cultiva e explora cerca de 55 mil ha de florestas em cerca de 50 fazendas e mais o Projeto Jari, na Amazônia.

 

Exploração do patrimônio genético - Foi neste ponto que Laranja entrou na história, ex-professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP e principal executivo da Ouro Verde Amazônia, uma processadora de castanha e açaí, que se tornou diretor da Orsa, ao vender 51% desta empresa para o grupo, em 2009. Ele foi convidado a dar destino à pecuária da Santa Andrea.

Ao se deparar com o rebanho ficou impressionado com o trabalho de seleção do Simental e a qualidade e eficiência do gado. “Relatei aos acionistas e conselheiros do Grupo que não tínhamos o direito de acabar com um projeto de seleção bovina de tantos anos. A saída seria vender os animais para alguém que desse continuidade à criação ou que o próprio grupo o preservasse”, relata.

Foi então que, no ano passado, ele ficou com a incumbência de administrar a fazenda e a exploração do projeto. Para gerir o negócio, os acionistas do Orsa criaram a Ouro Branco Agronegócios, empresa que ficou responsável pelo ramo agropecuário do Grupo, sob a responsabilidade de Laranja, que montou um plano de negócios para a nova empresa.

Na época da retomada do projeto, eram produzidos pouco mais de 3 mil litros de leite por dia, com 160 vacas no rebanho, com média de 21 litros. “Não era possível manter esse negócio pequeno concorrendo com a produção de madeira”, destaca o veterinário. Hoje, com o aumento natural do rebanho, já são 300 vacas, com 250 em lactação, produzindo em média 26 litros/dia. A produção já passa dos 6 mil litros diários.

Vacas Simental PO secas ficam a pasto até a parição

Até o segundo semestre de 2014 deverão entrar em produção mais 300 novas fêmeas, que estão em fase de crescimento, produtos de partos naturais das matrizes do plantel. E gradativamente o rebanho de corte vem sendo reduzido, dando lugar aos animais destinados à produção de leite, cujo rebanho atualmente soma 700 fêmeas. Para o corte, a reserva atual é de 1.600 cabeças.

Laranja utilizou as matrizes cruzadas do rebanho de corte e implantou nelas 400 embriões sexados de fêmeas, que deverão nascer até o final do ano. São produtos de fecundação in vitro de óvulos das melhores matrizes de Simental leiteiro da fazenda com 90% de sêmen de touros Holandeses Vermelho e Branco e 10% de Jersey. Em agosto, nasceram as primeiras 50 bezerras e o projeto de FIV continua.

A opção pelo cruzamento, segundo Laranja, veio da experiência da Santa Andrea nos últimos anos com vacas mestiças de Simental leiteiro com Holandês e Jersey. “Os resultados foram excepcionais, com aumento significativo na produção de leite, manutenção de alto teor de sólidos, bem como a longevidade”, garante.

 

Mais sólidos, saúde e longevidade - “A utilização do Holandês Vermelho e Branco é estética. Somente para manter o padrão de cor no rebanho”, explica Luiz Henrique Gemignani, gerente geral da fazenda. Laranja salienta também que os citados cruzamentos são muito utilizados na Europa e nos Estados Unidos. “O Simental aumenta a longevidade e a saúde do rebanho, e ainda melhora a composição do leite, aspectos muito valorizados na pecuária leiteira moderna, garantindo maiores lucros na atividade”.

O teor de gordura do leite produzido está em torno de 4,5%, e o de proteína, em 3,8%. Tais índices significam bonificação sobre o preço do leite vendido. Com isso, a Santa Andrea vem se tornando uma referência com a proposta, praticamente uma vitrine de animais com mestiçagem europeia. “Os produtores poderão ver aqui e constatar a eficiência dos cruzamentos com Simental”, diz ele, adiantando que a utilização de Pardo-Suíço será o passo seguinte.

Outra genética que está entrando no plantel é do Simental de origem francesa, o Montbeliarde. A empresa vai utilizar o sêmen de touros provados e comprou embriões das melhores vacas do Sítio Canário, criatório brasileiro que seleciona esta linhagem pura. O cruzamento das linhagens francesas resulta também em heterose agregando mais leite e com mais sólidos, segundo Laranja.

Cerca de 400 bezerras mestiças, geradas por FIV,

devem nascer este ano

O objetivo é chegar em 2015 com pelo menos 1.000 vacas em lactação, produzindo em torno de 30 litros por dia cada uma, totalizando entre 29 mil e 30 mil litros por dia. Com os investimentos em instalações, a ampliação do plantel e o aumento significativo dos grãos, o custo do leite produzido pela fazenda tem subido, mas a valorização da boa genética oferecida compensa no fechamentos das contas.

Laranja salienta que o rebanho de Simental puro e fechado nas origens alemã e austríaca vai ter atenção especial. “Vamos continuar selecionando e melhorando a nossa base genética. São muitos anos produzindo animais melhoradores para nossa seleção e para fornecer a outros criatórios”.

Da história da fazenda constam recordes em torneios leiteiros, premiações em pista e definição de base para a formação e o melhoramento de outros plantéis. Tem parcerias com centrais de inseminação, dispondo de touros considerados de excelente genealogia, como é o caso de “Falcão da Santa Andrea”, que já vendeu mais de 20 mil doses pela central ABS.

Nos últimos dois anos, algumas matrizes foram destaque nas exposições de Esteio-RS, de Castro-PR e na Megaleite, de Uberaba-MG. Respectivamente, “Judith”, “Grega” e “Madame” foram as grandes campeãs de pista, acompanhadas das reservadas “Laele” e “Janda”, do mesmo criatório. “São resultados de uma tradição de 40 anos aliada a um forte componente de inovação”, menciona o gerente.

 

“Compost bern”, novidade no manejo - Paralelamente à expansão e ao melhoramento do plantel, a Santa Andrea investe no melhoramento das instalações e no manejo do rebanho. É pioneira na implantação do “compost bern” (barracão de compostagem), no Brasil. O sistema consiste em alojar os animais em barracões cobertos e arejados com piso de espessa camada de cepilho.

A cama é revirada três vezes ao dia para se manter enxuta e

provocar decomposição aeróbica

No centro da instalação, ficam os bebedouros e cochos para volumoso e concentrado. Os animais têm uma área de 9 m a 10 m2, livre acesso aos bebedouros, cochos de alimentação e área de descanso. O primeiro alojamento do novo sistema para acomodação de 50 vacas em lactação ficou pronto em março deste ano. Dois outros estão sendo preparados.

Como neste primeiro foram aproveitadas partes das instalações já existentes. Gemignani diz que o custo da instala&cced

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